Política e Prazeres

Já que o poder é afrodisíaco.

sábado, dezembro 15, 2007

Oscar Niemeyer

Acabara de chegar em Brasília em março de 2003. Havia comentado com um colega de trabalho que queria muito conhecer Niemeyer. Conversa despretenciosa. No outro dia, ele me disse espantado que o homem estava na cidade e que receberia uma homenagem no Salão Negro do Congresso. Fui conferir. Muitos parlamentares e a imprensa toda em volta. Quando fui comprimentá-lo, faltou-me, naquele instante, todas as palavras que havia recém-imaginado. Apertei a sua mão e fiquei obnubilado. Mal balbuciei uma palavra. Apenas olhei para aquele homem que se imortalizou através de sua obra de arte.

Acho que foi o escritor e ministro da cultura francês Andre Mauralx quem melhor sintetizou o significado da obra de Niemeyer. Comparou as colunas do Palácio da Alvorada às colunas do Pathernon. E a obra de Niemeyer é assim, universal e atemporal. Compara-se ã literatura de Homero ou de Shakespeare, às pinturas de Leonardo Da Vinci ou de Picasso, às esculturas de Michelângelo, será lembrada em um tempo futuro distante, da mesma forma que os templos gregos são lembrados hoje. Em uma época marcada pelo descartável, pela rápida mudança de paisagem sem que fixemos qualquer memória sobre o que se passou, a arquitetura de Niemeyer se mantém soberana e inventiva. Constrói formas e espaços diferenciados e únicos. Caminhamos por sua arquitetura, da mesma maneira que um apreciador de pintura se deleita diante de um quadro de Van Gogh. No entanto, ao contrário do que alguns imbecis falam, a sua obra é funcional. Fiquei surpreso outro dia quando um amigo me falou que cerca de 15 mil pessoas, entre parlamentares funcionários e cidadãos circulam pelo Congresso durante a semana. Essa multidão circula por esta obra projetada há 50 anos sem o menor problema. Ao entrar na Catedral de Brasília, sentimos o infinito. A entrada é propositalmente escura, para que nos inundemos pela luz dos seus vitrais e por formas exuberantes. 16 peças de concreto armado que se repetem ao longo de uma circunferência, fechadas por belíssimos vitrais, são suficientes para produzir uma obra de arquitetura magnífica. Um amigo arquiteto foi muito feliz ao analisar o edifício do Ministério Público Federal. Disse que grandes arquitetos dedicaram toda uma vida profissional a tentar extrair do vidro a melhor arquitetura. Niemeyer, o poeta do concreto armado, resolveu trabalhar com uma arquitetura envidraçada, aproveitando-se da localização topográfica do edifício, e produz uma arquitetura marcante, cheia de significado, superior ao que aqueles arquitetos produziram. Não é só na majestade dos grandes edifícios que se pode perceber a sua genialidade. Na 107 sul, podemos observar a capelinha de Nossa Senhora de Fátima - promessa de Dona Sarah Kubitschek.

Kubitschek e Niemeyer - diferentemente do que os nomes gringos indicam - são grandes brasileiros. O primeiro, um dos homens públicos que mais valorizaram a Arte, possibilitou, através de seu espírito inovador, que Niemeyer concebe-se uma arquitetura à altura do urbanismo de Lúcio Costa. No entanto, Niemeyer não é só Brasília. É a pampulha, a Casa de Canoas, o edifício-sede da ONU, o Palácio Mondradori em Milão, a Universidade de Constantine, a sede do Partido Comunista Francês em Paris. A sua obra se espalhou pelo mundo e é motivo de orgulho de brasilidade. Pois, como a música de Tom Jobim, a inspiração maior da obra do arquiteto são as curvas da natureza que envolve o Rio de Janeiro. Sempre ressalta, também, as curvas da mulher brasileira.

Os 100 anos de Niemeyer devem ser bem comemorados. Até porque ele chegou a esta idade com extrema lucidez e com grande capacidade de trabalho e espírito criativo. No entanto, eles representam um curto espaço de tempo diante de sua obra imorredoura, a qual sobreviverá às nossas existências. Engraçado. A obra de comunista Niemeyer é uma ode à liberdade, ao espírito criativo e à individualidade, apesar de possuir forte significado social. Da mesma forma, a arquitetura do ateu Niemeyer nos remete ao infinito e à existência de Deus.

Carlos Emerenciano

terça-feira, dezembro 11, 2007

Garibaldi é escolhido pela bancada do PMDB

O senador Garibaldi Alves Filho foi escolhido pela bancada do PMDB como candidato a Presidência do Senado. O seu nome vai ser submetido aos outros partidos e não deve haver resistências, visto que as declarações da sua escolha por parte de senadores de oposição estão sendo positivas.

Garibaldi filiou-se ao MDB em 1969, elegendo-se pelo partido deputado estadual 4 vezes (1971 a 1985), prefeito de Natal (1986 a 89), governador do RN (1995 a 2002) e exerce o seu segundo mandato de senador, todos pelo mesmo partido.