Será que vai cortar?

No final de semana passado era certo que não haveria CPI. O líder do PFL no Senado, José Agripino, chegou a afirmar que uma CPI não era necessária para averiguar tudo o que a "Operação Navalha" estava investigando. Hoje, quinta-feira, o tom é outro. A OAB entrou na jogada e acredita ser inaceitável a não criação de uma CPI para averiguar a promiscuidade entre empreiteiros, agentes públicos e políticos. Tudo bem, teremos mais outra CPI, mas e o que é que tem isso?!
Não tem nada. A verdade é que a CPI, que deve ser mista, será composta por vários parlamentares ligados a empreiteiras, e eles não investigarão a si mesmo. Nunca fizeram e não vão fazer agora. Eles não cortariam a própria carne, não promoveriam uma auto-mutilação, jamais. Aliás, poderiam até cortar a carne, mas a dos outros, promovendo assim uma verdadeira carnificina entre os três poderes, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Seria um estrago gigantesco, apenas uma minoria conseguiria sobreviver, a quantidade de homens e mulheres cortados e ensanguentados seria enorme.
Para a CPMI da Navalha funcionar, teríamos que colocar as melhores peças do Congresso dentro desta Comissão. O presidente e o relator não poderiam ser um governista babão ou um oposicionista ligado a empreiteiros. Teríamos que colocar homens sérios, que tivessem a coragem que o povo pede que eles tenham. Coragem para promover a maior limpeza ética da história desse país.
Se essa tal CPMI que está por vir for composta pelas indicações do governo e da oposição, só podemos esperar um corte superficial, daqueles feitos por faca de cozinha, sem serras.