Política e Prazeres

Já que o poder é afrodisíaco.

quinta-feira, março 15, 2007

Corgo

Na coluna de hoje, Woden Madruga comenta a entrevista do final de semana do Presidente da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte, o deputado Robinson Faria. Primoroso nas suas palavras, com um toque sertanejo, o jornalista escreveu o seguinte:
O riacho do deputado
A longa entrevista que o deputado Robinson Faria deu para o Poti, domingo que passou, tem a altura e a profundidade de um meio-fio. E valendo-me de uma figuração retórica usada pelo hábil condottiere da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte, a entrevista tem a largura de um riacho. Melhor diria: de um corgo, aqui recorrendo à linguagem sertaneja de seus ilustres ancestrais. O deputado disse, respondendo a uma pergunta dos repórteres que queriam saber se ele já estava trabalhando no projeto para ser candidato a governador em 2010, que a sua trajetória política é guiada pela correnteza do riacho: “Vou seguir o rumo da correnteza do riacho. Por enquanto é um riacho, mas eu espero que se transforme em um grande rio”.´É uma frase retumbante. Merecia uma placa dos dois lados da Reta Tabajara. Ou, talvez mais adequada, nas cabeceiras da ponte da Redinha. Aliás, a resposta inteira do deputado Robinson é prenha de sabedoria e sugere um almanaque de interpretações sociológicas e metafísicas. Quem sabe, até mesmo um simpósio. Vejamos a sua resposta na íntegra:- Eu sou um péssimo cantor e um péssimo compositor, mas vou responder com uma frase de uma música de Zeca Pagodinho: “Deixa a vida me levar”. Acho que a resposta que posso dar hoje é que quero seguir o caminho natural da política, e é ele que eu vou buscar. Sobrevivi na política quando poucos acreditavam que eu ira sobreviver. Então, esse percurso natural, se tiver de ser, vai ser. Vou seguir o rumo da correnteza do riacho. Por enquanto é um riacho, mas eu espero que se transforme em um grande rio”.O receio é que o grande rio de Robinson vá bater na Pedra da Bicuda.Durante toda a entrevista, que ocupou 80% da página três do principal caderno de O Poti, o deputado Robinson Faria, já lançado candidato a governador, só trata de seus problemas pessoais, de suas ambições, de seus projetos políticos. Não tira um fino sequer nas grandes questões que afligem o Rio Grande do Norte: a Segurança Pública, a Educação, a Saúde, o desemprego, a pobreza no campo, o inchaço urbano da Capital, a violência que já chegou também ao interior do Estado. Modesto, diz que é um péssimo cantor e um péssimo compositor. Discordo. Um cristão que se afina com o pagodeiro Zega Pagodinho: tipo “deixa a vida me levar”, tem a sua bossa. E a vida tem sido realmente generosa para com o ilustre parlamentar conterrâneo. Rico, bonito, sabido, chefe de um poder, logo o Legislativo, cercado de assessores e técnicos prestimosos, muitos jornalistas, toda a exuberante crônica social a disputar o seu sorriso benemérito.Em outras trechos da longa entrevista, deambulando sua natural vaidade de Príncipe do Agreste, o deputado, canta loas à governadora. Tanto assim que até o jantar que dona Wilma ofereceu aos deputados de todas as bancadas foi mimoseado pelos adjetivos de Robinson, como legítimo fidalgo renascentista, cavalheiro de refinada estirpe: “Foi um gesto nobre da governadora, que caracteriza mais uma vez uma mulher moderna, que não faz política de forma radical, e levou para a intimidade do seu lar deputados de todos os partidos (...) Acho que foi um gesto de grandeza de uma mulher que sempre quebrou barreiras como Wilma”E sobre a sua reeleição para um novo mandato de presidente, faltando ainda 22 meses para terminar o atual, que foi engatado como os outros dois da legislatura anterior, o deputado Robinson sintetizou com uma frase simples, mas carregada de sinceridade: Eu fui surpreendido.Não sei se algum parlamentar, da bancada governista ou da bancada oposicionista, já pediu para que a entrevista do presidente seja transcrito nos Anais da Assembléia. Se não foi, fica a sugestão.

1 Comments:

  • At 15 março, 2007 21:35, Anonymous Anônimo said…

    Olá,
    veja bem, na coluna do jornalista Woden Madruga: so em dizer que "a longa entrevista que o deputado Robinson Faria deu para o Poti, domingo que passou, tem a altura e a profundidade de um meio-fio",ele não precisa dizer mais nada...é incrível a comparação! E um deputado "seguir o rumo da correnteza do riacho"?... ah, meu Deus do céu, e dizer que um homem desse é um deputado... e deste "rio do norte"... isso é um carma!
    Fernanda Fontes

     

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