Política e Prazeres

Já que o poder é afrodisíaco.

sexta-feira, março 16, 2007

Marta no Turismo

A ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, foi confirmada no Ministério do Turismo.
O que será que ela tem em mente pra melhorar a pasta?

7 Comments:

  • At 16 março, 2007 23:01, Anonymous Anônimo said…

    Conhecimentos de sexóloga e de como destruir o orçamento de uma prefeitura.
    Kaê.

     
  • At 17 março, 2007 12:49, Blogger Unknown said…

    Copa do Mundo e Infraero

     
  • At 17 março, 2007 22:00, Anonymous Anônimo said…

    Ei,
    vocês acham que se precisa ter alguma coisa "em mente" para se melhorar a pasta de Turismo ou qualquer outra? Não, não precisa de nada em mente. Aliás, é melhor não ter nada em mente. Aé agrega valor.
    Vanessa

     
  • At 19 março, 2007 11:47, Anonymous Anônimo said…

    titica de galinha

     
  • At 21 março, 2007 14:35, Anonymous Anônimo said…

    CARTA A VOSSA EXCELÊNCIA MINISTRA DO TURISMO MARTA SUPLICY: SOS TURISMO

    João dos Santos Filho

    Cara companheira Marta Suplicy, aprendi com nosso saudoso amigo e professor Florestan Fernandes que devemos cultivar as relações partidárias, explicitando a visão de mundo a qual acreditamos e desenvolvendo ações para que a mesma ocorra, esse é um ato de dignidade que reflete nosso grau de cidadania e participação política. Por isso, entendemos que devemos dizer claramente quem somos e como pensamos a sociedade e suas contradições.
    Partindo desta premissa, tomamos a liberdade de expor as seguintes reflexões:
    A história do turismo nacional nos mostra que essa atividade sempre foi uma preocupação constante que iniciou com a vinda da família real portuguesa e sua corte ao Brasil em 1808. Com eles vieram, a biblioteca nacional, a escola de medicina, a academia de armas, a reurbanização e embelezamento do Rio, a criação do Jardim botânico, os primeiros hotéis e estalagens, os teatros, o comércio de produtos europeus para atender uma elite nacional, portuguesa e cosmopolita.
    Contribuindo para isso, a beleza natural do Rio que encanta a todo visitante (turista) junto ao sincretismo cultural que vai concretizando um modo de ser – brasileiro -. Não é por acaso que foi a Capital Federal até 21 de abril de 1961.
    O Brasil ganha uma dimensão de nação em que a indústria aparece no cenário econômico e o Rio de Janeiro, cidade que sempre foi preparada para preservar sua beleza natural e abrigar sua identidade cosmopolita para o estrangeiro, foi a primeira unidade do território nacional a se preocupar com o turismo, a qual sempre esteve nos comentários dos estrangeiros, como escreve o cientista alemão Hermann Burmeister em 1853 em livro publicado sobre o Brasil:

    Nunca empreendi excursões maiores nos arredores do Rio, pois exigem alguns dias e só podem ser feitas a cavalo, circunstância que, devido ao meu estado de saúde, se tornavam impossíveis para mim. Há, porém, muitos outros pontos interessantes, a maior ou menor tempo da cidade, os quais se recomendam especialmente aos turistas que, demorando-se pouco no Rio, desejam conhecer de perto a paisagem (sic) e a vida campestre do povo.

    O Rio de Janeiro sempre despertou ao estrangeiro o gosto pelo belo, pela natureza, pelo místico, pelo mágico, pelo lúdico, pela praia e pelo sol. As descrições vão da declaração de amor a essa terra e seus habitantes, até o deboche crítico para se questionar a política do imperador:

    Sabemos que nenhum país da terra foi mais ricamente abençoado pela natureza do que este Brasil, que se acha em cultura e desenvolvimento intelectual tão atrasado em relação aos países europeus; é deveras um paraíso, que a superstição vigia qual querubim com sua espada chamejante, de onde a árvore da ciência da história natural e universal, com seus dourados frutos de hespéridas, é enredada e quase sufocada pelas parasitas do fanatismo, do escravagismo e da ignorância.


    Esse clima de amor a natureza e de apego a uma religiosidade amparada a saudades dos estrangeiros explicam para nós como essa religião se amparou na nostalgia existencial dos indivíduos representando o apego efetivo e direto da Igreja Católica nos negócios de Estado. Obviamente, o governo de Getúlio, necessitava do apoio da igreja para manter o processo político “revolucionário” e se firmar perante a massa de trabalhadores que seria a base da existência de seu governo, portanto, impõe uma organização da classe trabalhadora dentro dos limites da vida sindical segundo os interesses do Estado.
    Em 12 de outubro de 1931, Getúlio que necessitava do apoio da Igreja, oferece dois grandes momentos a essa instituição; a inauguração da estátua do Cristo Redentor no Corcovado e permite o ensino da religião nas escolas públicas e escreve em um de seus diários:

    Realizam-se, na capital, grandes festas comemorativas da inauguração do Cristo no Corcovado.44 Compareço a esta e recebo a bênção apostólica do papa.


    Com Decreto n. 19.941 de 30 de abril de 1931, Getúlio dispõem sobre a instrução religiosa nos cursos primário, secundário e normal e atende uma antiga reivindicação da Igreja católica que retribui dando apoio aberto e direto ao governo:

    A Igreja levou a massa da população católica a apoiar o novo governo. Este, em troca, tomou medidas importantes em seu favor, destacando-se um decerto, de abril de 1931, que permitiu o ensino da religião nas escolas públicas.

    Esse nosso esforço em tentar demonstrar a influencia da Igreja no governo irá diretamente determinar a cidade do Rio de Janeiro no desenvolvimento do turismo, pois o Brasil acaba criando a primeira marca turístico-religiosa do maior portão de entrada de estrangeiros em território brasileiro. Nesse sentido, o Cristo Redentor do Corcovado se transforma no cartão postal do turismo brasileiro e o Rio de Janeiro o ícone da hospitalidade brasileira.
    Não é por acaso, que Getúlio ao firmar a imagem de protetor dos trabalhadores, recorre para o fato de ter que construir um aparato que lhe permitisse controlar a opinião pública, e assim, aplica a censura aos meios de comunicação. Em 1931 surge o Departamento Oficial de Publicidade, primeiro passo para o Estado organizar e direcionar a opinião pública em torno do personagem de Getúlio Vargas, posteriormente em 1934 com a constituição, a máquina burocrática reorganiza-se criando o Departamento de Propaganda e Difusão Cultural (DPDC)
    .A questão social, baseada no assistencialismo fincado na imagem do presidente, passou a ser o grande destaque no país: direitos democráticos foram conquistados, a participação popular no processo político aumentou e foi estimulada pelo próprio Estado em troca do apoio ao presidente
    Em 1939, cria-se o DIP que congrega a Divisão de Turismo, que foi criada graças ao apoio de lideranças ligadas ao jogo, classe artistica nacional e o apoio decisivo de Alzira Vargas. O objetivo era divulgar a imagem de Vargas no território nacional e internacionalmente.
    A Divisão de Turismo, vai produzir uma folheteria ( cartazes, cartões postais, revistas ) direcionada ao turismo receptivo, bem como, usa da música e cantores como portadores da idéia de Estado Novo ( Ary Barroso com a musica Cidade Maravilhosa – faz de Carmem Miranda o símbolo da brasilidade )
    Juscelino Kubitschek cria a Combratur e dá por razões obvias o comando desse órgão a D. Lucy esposa de Adolfo Bloch. A idéia de JK era aproveitar a criação de Brasilia e o ufanismo que reinava na sociedade nacional e canalizava isso para o turismo receptivo.
    Com o golpe militar de 1964, os algozes do poder criam em 1966 a Embratur com o objetivo de coordenar o turismo e divulgar a imagem de paraíso terrestre da convivência de hospitalidade, “da democracia racial” e de apoio ao governo norteamericano.
    Em 2003, com o Partido dos Trabalhadores no poder tinhamos a idéia de que a Embratur e o novo Ministério de Turismo seriam voltados para desenvolver o turismo interno e receptivo. A Embratur transformou-se e ficou responsável em captar e eventos e fazer o Marketing do Brasil no exterior. Ao Ministério cabería incentivar o turismo interno. Infelizmente, nem uma coisa e outra foi realizada de forma plena.
    1 – A Embratur acabou desenvolvendo internamente um processo de destruição, daquilo que já existia - entidades públicas atuando no turismo tanto a nível Municipal, Estadual e Federal - foram fechadas, desativadas e até em alguns casos incorporadas a estruturas privadas. Pois, a criação dos Convention Visitors Bureaux em 70 cidades acabou passando à iniciativa privada a articulação do turismo local. A mudança de público para privado, num primeiro momento pode parecer salutar como diz o senso comum “se o governo não faz a iniativa privada faz”. Mas não podemos esquecer que somente o poder público entende que saúde, educação e turismo devem ser considerado investimento social.
    Em muitas cidades em que o Convention esta atuando o poder municipal deixou de ter em seu organograma a Secretaria de Turismo; Divisão de turismo o setor de turismo ou até Diretória de turismo. Esse processo acelerou o entendimento do fenômeno do turismo como uma atividade reservada as elites e reforça a idéia do turismo receptivo.
    2 – Rever a fantasia da criação dos escritórios Internacionais, o que vem ocorrendo de fato é uma política desenvolvida pela Embratur que cria uma falsa ansiedade junto às prefeituras e à sociedade civil, pois cidades de pequeno e médio porte estão reivindicando a criação dos Convention Visitors Bureaux, como forma de se tornar centros de captação de eventos. Isso tudo em nome do turismo receptivo e da insensibilidade da visão de turismo de quem é responsável pela Embratur. O festival da criação dos escritórios internacionais da Embratur, cujos salários são em Euros, reforça nossa idéia de que o turismo no Brasil é Made in Brazil e não Made in Brasil.
    3 - As ações do Ministério para desenvolver o turismo interno estão pulverizadas em pequenos (programas) que na verdade são atividades de marketing como digo “de efeito hollywoodiano”, que só fazem marola no imaginário e fortalece a ideologia do fetiche. Como o falido PMNT que só serviu para usar e abusar de uma mão de obra voluntária e diminuir a empregabilidade do turismólogo no mercado de trabalho e claro para promover na época seu presidente; Vai Brasil que usou como apelativo os serviços de marketing da diarista Mariete; Programa de Regionalização do Turismo que até agora não saiu do papel; e o Empreendetur um programa que nasceu morbo e representa o uso e abuso do privado sobre o público.
    3 – Observar que a estrutura privada da Federação Brasileira dos Conventions Visitors Bureaux é sustentada com dinheiro público, bem como, os Escritórios Internacionais de Turismo, pois o Ministério tem convênio com a Federação
    Presidente
    João Luiz dos Santos Moreira
    E-mail: joao.moreira@fbcvb.org.br

    Vice-Presidente
    Paulo César Boëchat Lemos
    E-mail: paulo.boechat@fbcvb.org.br

    Vice-Presidente Secretário
    Danilo Távora Pedrosa
    E-mail: danilo.pedrosa@fbcvb.org.br

    Vice-Presidente de Administração e Finanças
    Elydio Santoro de Barros
    E-mail: elydio.barros@fbcvb.org.br

    Vice-Presidente Jurídico
    Márcio Santiago de Oliveira
    E-mail: marcio.santiago@fbcvb.org.br

    Vice-Presidente de Novos Negócios
    Fernando Ferrero
    E-mail: fernando.ferrero@fbcvb.org.br

    Vice-Presidente de Marketing
    Paulo Senise
    E-mail: paulo.senise@fbcvb.org.br

    Vice-Presidente de Feiras
    Marco Antônio Lemos
    E-mail: marco.lemos@fbcvb.org.br

    Superintendente Executiva
    Claúdia Maldonado
    E-mail: claudia.maldonado@fbcvb.org.br

    Gerente Executivo
    Eduardo Só Gay
    E-mail: eduardo.gay@fbcvb.org.br

    Gerente de Eventos
    Elias Borges Filho
    E-mail: elias.borges@fbcvb.org.br

    Coordenadora de Convênios
    Marcia Ramos
    E-Mail: marcia.ramos@fbcvb.org.br

    Coordenadora de Feiras
    Mírian Murata
    E-mail: mirian.murata@fbcvb.org.br

    Assistente Financeiro
    Claubert Pereira
    E-mail: claubert.pereira@fbcvb.org.br

    Assessora Jurídica
    Denise Lima
    E-mail: denise.lima@fbcvb.org.br

    Assistente de Diretoria
    Cintia Higashi
    E-mail: cintia.higashi@fbcvb.org.br

    Secretária
    IdalinaNeta
    E-mail: secretaria@fbcvb.org.br

    Estagiária
    Berenice Souza
    E-mail: berenice.souza@fbcvb.org.br

    Coordenador da Unidade de Estratégias de Desenvolvimento
    Aristides de La Plata Cury
    E mail: aristides.cury@fbcvb.org.br


    Convênios MTur:

    Assessor de Imprensa do Programa Turismo Sustentável & Infância
    Marcio Vieira
    Email: imprensatsi@turismo.gov.br


    4 – Não poderia deixar de nos referir à dolorosa e mentirosa exposição realizada pela EMBRATUR: 40 anos Embratur: Um passeio pela história do turismo no Brasil. Um erro imperdoável que explicita bem, o pensar dessa entidade pública para a memória histórica do país. Sem mencionar o seminário “O impacto do turismo na economia”.
    Realizado pelo Brasil, onde a exposição se apresentava, cara Marta foi lamentável.
    Para finalizar, torcemos que o enfoque do turismo interno ganhe visibilidade em sua gestão e o Ministério e a Embratur assimile que o mesmo deve ser prioridade nesse governo.

    Atenciosamente;
    João dos Santos Filho
    joaofilho@onda.com.br

     
  • At 19 junho, 2007 23:41, Anonymous Anônimo said…

    OS BRASILINOS VOLTAM A ATACAR O POVO BRASILEIRO


    Quem não se recorda da genial publicação “Um dia na vida de brasilino” de Paulo Guilherme Martins, escrita em outubro de 1961 que de forma inteligente, sutil e de profundo sarcasmo político denunciava a exploração imperialista no Brasil. Censurada em 1964 era considerado pelos gorilas do golpe militar como “O manifesto comunista Tupiniquim”.
    Brasilinos voltam à cena política, agora mais refinada ainda, dizem nada saber, eunucos de profissão, cegos pela catarata da corrupção e surdos por problemas de genética política. Atuam nas esferas de poder sem qualquer embaraço e com extrema intimidade, com os compassos, estética e ritmos da máquina do Estado, verdadeiros ilusionistas no trato do dinheiro público e em defesa dos interesses privados.
    Esse é o brasilino contemporâneo que deixou de ser inocente romântico da década de 1960 para ser um bandido profissional na década de 1980, que completa seus rendimentos graças às emendas parlamentares, aceita e cobra o recebimento de mimos, intermedeia contatos, ou seja, pratica o tráfico de influências, foge do telefone como o Diabo da cruz e convive encastelado com o poder.
    Não por acaso, que a sociedade e o trade turístico presenciam acontecimentos hilariantes, tais como:
    • Emerson Palmieri, acusado de participar do mensalão foi diretor de Administração e Finanças da Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR) na gestão de Eduardo Sanovicz;
    • Cláudio Contijo, lobista da construtora Mendes Junior que intermediou a multiplicação dos recursos financeiros para pagar pensão alimentar a jornalista Mônica Veloso a pedido do presidente do congresso. Foi diretor de Marketing EMBRATUR em 1992.
    Os órgãos oficiais do turismo não podem ficar manchados por respingos da marola da corrupção passada e nem presente, principalmente no governo Lula. A EMBRATUR pelo corpo técnico competentíssimo que sempre esteve à frente do fato turístico. Historicamente foi objeto de uso maldoso e acabou obrigada a desenvolver funções estranhas por parte de curiosos que se apossaram desta entidade.
    Solicitamos a Ministra do turismo companheira Marta Suplicy que sempre teve uma conduta ética e de moral inquestionável pela vida pública construída por meio de cargos eletivos e pelo seu acercamento a profissionais competentes capazes de formatar políticas públicas de inclusão social. Procedam a levantamentos quanto :
    1. A situação dos Escritórios Brasileiros de Turismo no Exterior:
    a) Como foram contratados os funcionários, por concurso ou indicação?
    b) Na realidade qual é o fluxo de pessoas que procuram os escritórios;
    c) Quais as funções dos mesmos, e se elas não são paralelas as atividades da representação diplomática (embaixada e consulados) brasileira nos países as quais estão instaladas?
    d) De onde vem o dinheiro para o pagamento de salários e despesas gerais dos escritórios?
    e) Se existe algum grau de parentesco dos funcionários com antigos ou atuais com a direção da EMBRATUR;
    f) Qual salário do responsável do escritório?
    g) Existe algum projeto de metas a serem atingidas pelos escritórios, que se propõe a quantificar seu fluxo de atendimento cruzado com a qualidade dos serviços?
    h) Há alguma forma de nepotismo nos quadros da EMBRATUR?

    2. A situação do setor de Marketing, quanto à produção quem produz o que produz, pois estamos a tempo tentando conhecer O case “Gestão dos Escritórios Brasileiros de Turismo no Exterior” que a EMBRATUR conquistou no concurso promovido pelo ENAP. E até hoje não conseguimos nenhum exemplar. Perguntamos por que tanto mistério com um documento público?
    3. Fazer uma análise técnica do destino das verbas para projetos turísticos, pois o que há na verdade é uma falta total de critérios, o que podemos deduzir que o atendimento político se sobrepõe aos interesses de uma Política nacional de Turismo.

    Na verdade, essas são algumas das questões que nos obrigam a pedir transparência dos atos públicos para que possamos preservar aquilo que a EMBRATUR tem de melhor, bem como, a sua função de captação de eventos e a qualidade de seus funcionários que sempre estiveram na luta pelo turismo e no combate aos brasilinos que, ainda rondam os poderes da República brasileira.
    Caso seja possível, gostaria de pedir a EMBRATUR as seguintes publicações:
    a) O case “Gestão dos Escritórios Brasileiros de Turismo no Exterior”;
    b) O livro da exposição dos 40 anos;
    c) O Plano Nacional do Turismo: Viajando na inclusão 2007 a 2010.

    Por entender que serei contemplado com as publicações acima, mando meu endereço:
    João dos Santos Filho
    Av. Guedner 948 casa 3
    Jardim Aclimação
    CEP: 87050-390
    Maringá Paraná

     
  • At 03 setembro, 2007 16:24, Anonymous Anônimo said…

    27 DE SETEMBRO DIA DO TURISMÓLOGO: FESTEJAR OU ORGANIZAR?
    "A LÓGICA DA CONSCIÊNCIA DE CLASSE"

    ... A perspectiva do Manifesto do Partido Comunista. Ainda hoje, ela é a que melhor permite explicar sociologicamente a formação e o desenvolvimento dos proletários como classe em si e a que melhor coloca objetivamente as tarefas políticas das classes trabalhadoras na luta de classe. Não é nem uma perspectiva "envelhecida" ou "superada", historicamente, pois as classes não desapareceram e tampouco, a luta de classes deixou de existir. (Florestan Fernandes, 1987, p.137 e 138).


    O termo turismólogo surge em meados da década de 1970, com o objetivo de categorizar uma formação acadêmica específica que começava a ser gestada cientificamente no interior das faculdades de turismo existentes em São Paulo.
    O primeiro curso, foi decorrente do pioneirismo da Faculdade Morumbi, atual Universidade Anhembi-Morumbi, no ano de 1971. E em 1972, surge também, o segundo curso de turismo no Brasil na Faculdade Ibero-Americana de Letras e Ciências Humanas, atual Centro Universitário Ibero-Americano/UNICENTRO. Essas duas entidades educacionais situam-se na vanguarda do ensino, pesquisa e extensão do turismo, apesar de terem começado tímidas, em virtude dos recursos humanos, metodologia e conteúdos pedagógicos pouco claros e em sua maioria importados da Espanha, desenvolveram dentro do possível um trabalho extremamente pioneiro no campo do estudo do fenômeno turístico.
    Cabe ressaltar que o fenômeno do turismo só vai ser visto epistemologicamente como mais próximo de nossa realidade e cercado como objeto de estudo acadêmico e científico com a criação em 1973 do curso de turismo na Universidade de São Paulo  Escola de Comunicações e Artes  USP/ECA.
    Nesse caso, não poderíamos deixar de citar alguns professores e funcionários que foram visionários, pois estavam preocupados em estudar a atividade turística nacional como uma atividade que fosse além do tecnicismo instrumental no campo educacional. Aos funcionários que comandaram e ainda comandam o indispensável apoio administrativo sem o qual não poderíamos avançar no estudo do fenômeno estão: Izete Aparecida Martins, Célia Portugal Matta, ambas fundamentais nesse processo histórico.
    Dos professores podemos pontuar com muito orgulho: Mário Carlos Beni, o pioneiro de todos e que se aventurou a aprofundar o estudo do turismo nacional e a questionar a inexistência de uma "política nacional de turismo”. Sarah S. Bacal, Walter Rodrigues da Silva, Waldir Ferreira, Maria Fernanda F. Luis, Victor Ruiti Kiyohara, Olga Tulik, Sarah C. Da Via. Todos com contribuições em seus campos e preocupados com o ensino e o estudo científico do turismo.
    Destacamos aqueles que são resultados do esforço dos primeiros mestres: Mirian Rejowski que desenvolveu um trabalho ímpar e extremamente importante para o avanço da ciência do turismo caracterizando a produção científica no Brasil nesse campo. A Paulo Salles de Oliveira, brilhante intérprete das obras de Joffre Dumazedier e o melhor estudioso do lazer no Brasil.
    Entretanto, a década de 1970 ficou marcada como um dos momentos mais sangrentos da política brasileira, período extremamente conturbado no jogo das liberdades democráticas e da expressão. A imposição de uma universalidade plasmada pela ideologia da Escola Superior de Guerra (ESQ) possibilitou à ditadura militar desmontar e massacrar parte do movimento estudantil e sindical. Mascarando uma realidade cruel em que o seqüestro, prisão, tortura e a eliminação física eram práticas de uma política de apoio aos "democráticos" norte-americanos e uma repulsa aos comunistas chamados de inimigos da democracia.
    Banalizou-se o congresso nacional instrumentalizando-o para atender aos interesses de políticos ligados aos coronéis da terra e testas de ferro a serviço das multinacionais. Segundo o antropólogo e escritor Darcy Ribeiro sobre esse período, afirma:

    Com a industrialização substitutiva, através da implantação de grandes fábricas das multinacionais, muda de imagem. Começa a ser vista pelo país como a grande bomba de sucção que nos sangra, para carrear lucros para o estrangeiro.


    Nesse meio surge o turismo como um curso novo para os empresários da educação que o enxergaram como exótico e bom de mercado, capaz de arrebanhar um contingente constituído de profissionais de várias áreas que atuavam no amplo campo do turismo; jovens ligados a aventuras, induzidos e dispostos depois de formados a viver em outro país em virtude das condições de vida e da repressão dos militares; pessoas com idade acima de 30 anos que pretendiam atuar em outro campo e senhoras que desejavam pôr um fim em sua ociosidade de damas do lar e que já eram objeto dos movimentos feministas que começavam a se manifestar. Esses fatores vieram a contribuir para que o curso de turismo fosse uma das graduações mais procuradas e disputadas até hoje.
    Porém, outros motivos que nunca foram verdadeiramente explicitados nos escritos da época, mas sentidos por um grupo de professores e alunos mais críticos necessitam ser avaliado. Quais as verdadeiras razões políticas e ideológicas que levaram o governo Federal a criar a Empresa Brasileira de Turismo  EMBRATUR, por meio do decreto  lei n.55 de 18 de novembro de 1966 ainda não foram totalmente estudados e documentos oficiais não foram liberados.
    Quando fazemos a afirmação, que há outros motivos que levaram a criação da Embratur, podemos estendê-la aos cursos de turismo no Brasil, por uma questão de honestidade científica e acadêmica, vamos arrolar e refletir primeiramente os motivos já conhecidos:
    • A existência do antigo e arcaico Conselho Federal de Educação que em "... resolução s/n de 28/01/71... fixou o conteúdo mínimo e a duração do curso superior de turismo”.( Matias, 2002, p.4).Tornou o curso objeto de disputa de representantes de dois campos do saber, pois conselheiros e políticos usaram de várias artimanhas para inserir o curso de turismo junto às faculdades de Administração de Empresas e de Educação Física. Segundo a turismóloga, professora e escritora Marlene Matias essa idéia foi abandonada, mas sou obrigado a discordar, pois essas intenções ainda aparecem com modulações variadas dentro e fora da categoria.
    Os professores de Educação Física derivam para si com todo direito às atividades de ensino do lazer tanto no campo da teoria como na prática, porém, muitos advogam a propriedade exclusiva dos conteúdos do lazer principalmente no que se refere ao estudo ontológico e histórico. O que me parece extremamente questionável, pois para estudarmos o tempo livre, ócio, lazer e turismo, começamos como Karl Marx que por meio de duas de suas obras Dos Grundrisse e O Capital discutem o tempo de trabalho. Paul Lafargue em seu livro de 1880 O direito à preguiça que traça um panorama universal da exploração do sistema capitalista sobre a humanidade, destacando o direito ao ócio dessas classes. Joffre Dumazedier com seus estudos pioneiros de tonalidade marxista, discutindo o fenômeno do lazer como atividade extremamente educacional junto à população trabalhadora. Domenico Demasi, sociólogo de formação weberiana, consegue mostrar a necessidade do governo em financiar a empresa privada para que o trabalhador usufrua o lazer. O Estado aparece como mediador e agente financeiro para que o trabalhador usufrua o lazer e turismo. Filósofos, médicos, sociólogos que sinalizaram as raízes históricas do turismo e seus componentes, portanto a contribuição dada aparece no campo da epistemologia da ciência e não no campo exclusivo das ciências da Educação Física ou da ciência da Administração.
    • O país estava vivendo o chamado por alguns de milagre brasileiro em que os índices de crescimento da economia batiam recordes mundiais. Porém, o aumento da miséria social e o abandono das riquezas da nação permitiram a rápida desnacionalização da economia e a internacionalização territorial e ideológica da vida Brasilis. A quantidade de miseráveis e o rebaixamento do padrão de vida do povo levaram o Brasil a ser campeão no rancking mundial como uns dos países com pior qualidade de vida.
    Esse fato afeta de forma direta os cursos e as faculdades particulares que viram seus investimentos serem corroídos pela situação de inadimplência dos estudantes e a econômica ser corroída pela inflação. Segundo Marlene Matias:

    Nos primeiros anos de funcionamento do curso superior de turismo, houve uma demanda muito grande pelo mesmo, especialmente em São Paulo, o que desapertou o interesse de empresários da educação a investirem na abertura de outros cursos (...). Mas, a partir de 1976, ocorre uma queda sensível no número de ingressantes devido a uma série de fatores socioeconômicos .


    Entretanto, não podemos esquecer que foi nesse período que ressurgiu com maior intenção a idéia de passar as vagas dos cursos de turismo para os cursos de administração. Essa lógica permaneceu ameaçadora até 1984, quando os turismólogos conseguiram de fato afastar os interesses escusos de donos de faculdades e do próprio Conselho Federal de Administração, pois essa atendia a dois fatores:
    1. Tentativa desesperada para reerguer mercadologicamente os cursos de administração que começavam a apresentar um declínio na demanda, necessitando ampliar o leque das ênfases oferecido pelo mesmo;
    2. Incorporar o curso de turismo ao curso de administração, descaraterizando por completo a futura ciência do turismo e capitalizando o fenômeno para dentro do vasto campo da administração.
    • Com relação ao corpo docente necessário para manter os primeiros cursos de turismo, houve pela UNIBERO a importação de alguns professores da Espanha que junto com professores da USP, conseguiram conviver e criar uma tipologia própria de conteúdo pedagógico, mesclando o fenômeno do turismo com a realidade brasileira.
    Professores estrangeiros foram orientados sobre a realidade brasileira, professores brasileiros da USP com algumas exceções foram extremamente progressistas e mais que possa parecer paradoxal eram de esquerda, trazendo ao curso ares mais abertos e críticos com uma competência que hoje nos cursos aparece cada vez mais escassa.
    • A falta de informação do curso para o aluno e a expectativa difusa sobre o que ele iria encontrar e qual a dimensão do mercado de trabalho. Tudo era uma novidade, o mercado turístico seguia as regras dos interesses do Capital, nada se planejava, nada se organizava, pois para tudo e para todos estava o interesse e necessidades do turista e a da acumulação rápida da mais-valia. Turismo era sinônimo de viagem e entendido como uma atividade eminentemente técnica. o interessante é que assim enxergava e enxerga a Embratur quando propõe em 1981, um currículo mínimo exclusivamente técnico:

    A) Matérias Básicas
    • Matemática;
    • Estatística;
    • Contabilidade;
    • Teoria Econômica;
    • Metodologia Científica;
    • Planejamento e Organização do turismo;
    • Legislação Aplicada;
    • Mercadologia;
    • Psicologia.

    b) Habilitações Alternativas
    1ª Opção  Hotelaria
    • Organização Hoteleira e Técnicas Operacionais;
    • Administração Financeira e Orçamento;
    • Mercadologia Aplicada;
    • Prática  Estágio.

    2ª Opção  Agenciamento e transporte
    • Produção e Organização de Serviços Turísticos;
    • Administração Aplicada;
    • Administração Financeira e Orçamento;
    • Mercadologia;
    • Prática  Estágio.

    3ª Opção  Planejamento
    • Sociologia;
    • Organização de turismo Interno e Externo;
    • Infra-estrutura Turística;
    • Equipamento Turístico;
    • Elaboração e Análise de projetos;
    • Prática  Estágio.

    Se compararmos esse currículo com a proposta da ABBTUR, percebemos o tecnicismo que dominava e continua presente na Embratur, preocupada em atender o mercado, para que as universidades e faculdades formem "a mão-de-obra", montem um aluno dentro dos padrões de qualidade total, no qual o importante é sua funcionalidade, esmero e atendimento segundo os interesses do turista. Esse adestramento dentro dos padrões do tecnólogo, secundariza, oculta, inibe, dessistimula a consciência crítica e empobrece a visão de cidadania permitindo a formação de um turismólogo despolitizado.

    • No início do curso com uma bibliografia nacional inexistente, os livros traduzidos configuravam realidades diferentes e muitos de duvidosa qualidade acadêmica. Hoje com uma publicação editorial nacional significativa que em qualidade ultrapassa a visão tecnicista, mas que insiste em apresentar uma leitura despolitizada da realidade, em que as funções do profissional são de sua inteira responsabilidade. Ocultando-se a situação do mercado de trabalho, colocando-a como se a mesma fosse culpa do profissional.
    Diante desses fatos, podemos afirmar que os cursos de turismo implantados desde 1971 até o presente, mostraram avanços significativos, graças às lutas dos estudantes, turismólogos e profissionais de outras áreas que dedicaram suas vidas a pensar e entender o fenômeno turístico. Mesmo sendo objeto de comentários e piadas por parte de alguns de nossos pares, as pessoas que agiram como pioneiros no estudo do turismo foram exemplares, pois enfrentaram preconceitos, ganharam respeitabilidade e ajudaram a criar um arcabouço teórico-metodológico próprio e nacional, comparado aos dos intelectuais do México e da França.
    Com uma realidade histórica, exclusiva e ímpar na América Latina, em que etnias se mesclaram e se modificaram, nossa realidade exige o resgate do sensocrítico e de um estudo voltado à América Latina, pois hoje descobrimos mais do que nunca que somos latino-americanos e não americanos ou europeus.



    OS DISCURSOS ALHEIOS AOS INTERESSES DA CATEGORIA
    As falas do neoliberalismo diante do turismólogo

    O processo no qual o sistema capitalista navega na atualidade configura-se em um movimento anti-dialético, portanto, não histórico, cuja tentativa é minimizar a leitura das contradições existentes na sociedade. Essa intenção só pode ser percebida e pensada quando desvendamos os mecanismos que buscam retardar a organização política sindical da sociedade civil, pois o desprezo pelo político não se limita ao processo partidário, mas sim, a tudo que se refere a atos e intenções relacionadas às formas de como se traduz a organização da categoria trabalho como fato que permite aos homens sinalizar, codificar e regularizar juridicamente seu espaço profissional.
    Entendendo a sociedade como palco da luta de classes, nada pode ser mais nefasto do que os discursos e falas despolitizantes:

    ... "emburguesamento", trabalha pela despolitização, provocando um descrédito na vida política e nos políticos em geral.
    Os sindicatos e as associações perdem sua força de barganha, são hostilizados e ridicularizados pela sociedade e por seus próprios filiados, que acreditam que houve um esgotamento da luta de classes...
    A lógica é a negação da política e a adoração dos pensamentos livres, abertos, naturais e descomprometidos de qualquer objetivação teórico-filosófica, portanto, de tonalidade irracionalista. Este é o jogo da despolitização.


    Esse movimento de negação da história aparece em virtude de nossa formação Cartesiana muito presente no pensamento da humanidade que se traduz dentro do seio de setores da academia que trabalham no sentido da volta de um purismo escolástico que acredita na neutralidade, pois parte do pressuposto que o sistema capitalista caminha para um redirecionamento inevitável de rumo no qual nossa atitude seria aderir ao seu modelo sem buscar as determinações, pois não devemos e não podemos pensar em modificá-las.
    Esse entendimento, muito próprio dos neoliberais que pensam o fenômeno turístico de forma idealista buscando acreditar no equilíbrio e harmonia que deve ancorar o turismo sustentável, professam que:
    1. A globalização para o turismo se constitui em uma solução para seu crescimento. Esse pensamento de base economicista está preocupado com a entrada de recursos econômicos, entendendo a transformação dos homens em simples mercadoria. Esse processo limita e embota a processualidade histórica, como brilhantemente comenta a professora Marutschka, quando diz:

    ... o tratamento reducionista dado ao objeto turístico. Boa parte destas análises ora o enfoca sob a égide economicista como uma atividade apenas econômica, ora sob a ótica sistêmica, tratando-o como um sub-sistema.

    Os fatos errôneos dessa visão leva-nos a termos de lutar dentro e fora da academia contra aqueles que acreditam nas "boas" intenções do capitalismo para com o turismo. Bondosos idealistas se instalaram nas galerias do saber e desenharam um fenômeno turístico acritico, sustentável e desenvolveram programas modelares para o país, como forma de conscientizar a diversidade cultural por meio de um modelo estrangeiro que não atende às nossas peculiaridades de país continental.
    Para nós que importamos dos Estados Unidos as bases do ensino superior no período do golpe militar por meio dos acordos MecUsaid e que fomos obrigados a suportar o fascismo desse governo, com seus aconselhamentos de civismo, moral e patriotismo impostos pelo ensino da escola militar dos americanos. Nada mais temeroso do que ter que ouvir a volta desses por meio da comédia que certamente virará tragédia, como bem alerta Karl Marx em seu livro A Ideologia Alemã.
    Tragédia é omitir os erros, limites e simplificações desses programas oficiais que apelam para o voluntariado e acabam excluindo o turismólogo e criando uma casta de treineiros pagos pela Embratur ou prefeituras que se vêem obrigadas a obedecer a esses pedidos na esperança de serem certificadas como pólos turísticos.
    2. Acreditar em programas com base no voluntariado, usando da "boa fé" de aposentados, alunos das faculdades de turismo e população nativa que acabam alimentando uma crença fanática aos programas estrangeiros e de gabinete, em que políticos faturam popularidade por meio de estatísticas super inflacionadas segundo interesses do governo.
    3. Usar dos estudantes de turismo e dos turismólogos como massa de manobra, quando editam normativas como a 390/98 em que a Embratur delimitava e descreve nossas ações profissionais, porém para priorizar o PNMT, comprado da OMT (quanto será que o Brasil pagou ou paga para usar uma metodologia ultrapassada?). A Embratur em 2001 lançou uma nova normativa, a 421, que passou nossas funções para o Conselho Municipal de turismo.

    A existência, por parte da Embratur, de uma história de normas desastrosas que obrigavam nossos hotéis, para aumentarem as estrelas em sua classificação, o uso de carpetes nos quartos, bem como, um café-da-manhã fora dos padrões das cultura e culinária brasileira. Esse estrangeirismo copiado dos padrões de vida americano trouxe vários desastres na implantação de uma "política de turismo" direcionada exclusivamente para a recepção ao turista estrangeiro. Esse descompromiso com a população, no que se refere ao turista nacional, pode ser uma pista sinalizadora que a Embratur foi criada principalmente para moldar uma imagem de:
    1. Brasil gigante, em que a ditadura prendia, torturava, matava e empastelava os meios de comunicação;
    2. Um nacionalismo ufanista e extremamente patrulhador, em que a vida só tinha sentido quando compartilhada das disciplinas de "Educação moral e Cívica" e "Estudos de problemas Brasileiros";
    3. Um processo de casernização da vida civil e da educação principalmente nos seus conteúdos obrigatórios e delimitados dentro de padrões rígidos de censura;
    4. Um processo de cultura seletiva em que os princípios do amor e liberdade dos enlatados americanos sacudiam as cabeças da nossa juventude;
    5. A instalação da ideologia pró-americana e anticomunista, por meio de um processo de desmonte a qualquer instituição que apresente perigo ao governo;
    6. Exílio compulsório ou militar-judicial de cientistas, intelectuais brasileiros e militantes que poderiam ser mortos pelo governo militar. Que organizaram verdadeiras redes para divulgar para o mundo o que estava acontecendo no Brasil.
    Esse fatores vão exigir do governo a criação de uma estrutura que cuide da imagem do Brasil no exterior, que junto com os corpos consulares e embaixadas divulguem a idéia de um Brasil ordeiro, pacífico, exótico, anticomunista e pró-americano. Nesse sentido, aparece a Embratur para a função que foi criada, ou seja, estimular e dar as condições da implementação de uma "Política Nacional para o Turismo" e divulgar o Brasil no exterior.
    Os escritórios da Embratur no exterior vão servir de base para ressignificar o processo econômico, político e cultural, segundo interesses do governo militar em um país que no período da ditadura proibia a apresentação do balé Bolchoy, das peças de Plínio Marcos, a indicação de Dom Hélder Câmara para o Prêmio Nobel da Paz, das músicas de Chico Buarque de Holanda, Gilberto Gil, Caetano Veloso e outros. Mas no exterior divulga o carnaval, a mulata, o Rio de Janeiro e acaba sinalizando uma apologia à beleza da mulher brasileira nas praias ensolaradas, um passo para tipificar a idéia do turismo sexual que hoje faz do Brasil conhecido como a rota dos turistas que buscam meninas menores para a prática do turismo sexual. Rufiões que se colocam como agentes de turismo negociam nos aeroportos (falando alemão, inglês, francês e italiano) as crianças por dia, semanas e por hora.
    Por que a Embratur não divulga as propagandas que são feitas do Brasil no exterior no campo do turismo? E os fatos que ocorrem e ocorreram quando da representação do país nas feiras internacionais de turismo, mostre-nos a reação da imprensa internacional para aquilo que o Brasil leva para mostrar no exterior. Será que existe censura?
    Nada pode ser tão curioso do que compreender que o Brasil sempre procedeu e apostou no exotismo, como fator característica do Brasil no exterior. Durante a primeira República o Brasil participa de uma feira internacional na França e o estande brasileiro expõe frutas nacionais e os índios botocudos que acabaram sendo fatores de extrema curiosidade durante toda a exposição.
    O Brasil sempre apostou em suas belezas anatômicas, seja pelas referências contidas nas cartas de Pêro Vaz de Caminha em que a apologia à beleza dos nossos nativos da terra é registrada em relato escrito aos reis. Porém, essa cultura ao corpo que só brasileiro sabe dar pela cor, ritmo, sensualidade, plástica e uma enorme pitada de erotismo, acabou cultuando gerações como Marta Rocha que perdeu o concurso de miss universo por duas polegadas, mas acabou sendo imortalizada como o símbolo de mulher brasileira.
    Com isso, queremos dizer que trabalhar com a ocultação total da imagem da mulher brasileira, me parece uma estupidez e uma falta total de tato, pois a mulher brasileira é considerada a mais cobiçada e bela do mundo. A nós e ao poder público cabe fazer a distinção da mídia que acaba criando a noção de mulher liberada e independente.

    CONCLUSÃO

    Pouco se tem a festejar, pois somos uma categoria ainda muito despolitizada e com um inexpressivo senso crítico. A nós cabe entender essas limitações e buscar combater os inimigos dos turismólogos, que se caracterizam por aqueles discursos que:
    1. Encaram a regulamentação da profissão como coisa desnecessária por meio do discurso despolitizante, infantil, reargumentando sua fala com base na "qualidade total" que como resposta imediata costura a ideologia do pragmatismo;
    2. Combatem a regulamentação usando da lógica discursiva simplista que a mesma não criará empregos e, portanto, não é necessário lutar por essa causa;
    3. Existem outras profissões que não são regulamentadas e o mercado está à disposição dos mais competentes, não há necessidade de nenhuma formatação jurídica. Mas de pessoal qualificado capaz de garantir seu mercado de trabalho;
    4. Se regulamentarmos a profissão, limitaremos o nosso campo de trabalho, deixando de lado atividades que poderão surgir e que necessariamente fugiria de nossa amplitude regulamentada;
    5. Em nenhuns país do mundo a profissão de bacharel em turismo foi regulamentada, essa argumentação aparece como o último recurso dos neoliberais para justificar suas posturas de fundamentação direitista. Na verdade a leitura que essas pessoas fazem da realidade não leva em conta a luta de classes como motor da história, mas sim, deslocam sua leitura para as técnicas de motivação, ou seja, de auto-ajuda.

    Enquanto essas questões vão ocorrendo, as lutas sindicais vão sendo retardadas, os alunos fortalecem a visão equivocada de que conteúdo pedagógico e política são questões que devem ser tratadas separadamente e fora do âmbito das salas de aula. Essa cultura de separação entre o acadêmico e o político, foi sendo colocada durante os vinte e cinco anos de ditadura militar. Amigos morreram por pensarem diferente, professores foram caçados, exilados, torturados e mortos, pois sempre lutaram pela liberdade de poder estender o senso crítico dos alunos, contra a ditadura, opressão e pela eterna liberdade de pensamento.
    Por isso, discente, não se deixe levar pelas falas sedutoras daqueles que se dizem nossos amigos, mas na verdade lutam para que o turismólogo não amplie seu mercado de trabalho e não se reconheça como elemento transformador da realidade turística. Esses "amigos da onça" lutam para que nossa categoria não cresça e sim desapareça, pois em sua lógica todos podem vir a contribuir não necessitando de nenhum estatuto corporativo.
    Pense, amplie seu senso-crítico e acompanhe a discussão atual que vem lá do Rio Grande do Sul e passa pela cidade de Maringá. Reflitam quais os motivos que levaram entidades, pesquisadores e professores a tentarem desmobilizar nosso trabalho, por meio da lógica separatista de que política e academia devem estar desvinculadas. Será que eles entendem a lógica da luta de classes?



    REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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    LAFARGUE, Paul. O direito à preguiça. São Paulo: Hucitec; Unesp, 1999.
    MATIAS, Marlene. Turismo: Formação e Profissionalização  30 anos de história. Barueri: Manole. 2002
    MARX, Karl. Grundrisse: Lineamientos Fundamentales para la crítica de la economía política 1857  1858. México: Fondo de Cultura Económica,1985.
    MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã. Portugal. Editorial Presença, 1976. I-CONTUR
    MARX, Karl. Manifesto do partido comunista. São Paulo: Global, 1987.
    RIBEIRO, Darcy. Aos trancos e barrancos: como o Brasil deu no que deu. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1985.
    SANTOS FILHO. João dos. Neoliberalismo: Lógica do irracionalismo. In. Cadernos de Metodologia e Técnica de Pesquisa: revista anual de Metodologia de pesquisa. Universidade Estadual de Maringá / Departamento de Fundamentos da Educação / Área de Metodologia e Técnica de Pesquisa. 1996.
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