Política e Prazeres

Já que o poder é afrodisíaco.

domingo, janeiro 28, 2007

Opinião do leitor

Natal e o mundo esquecido

Por Rodrigo Bezerra

“O olhar crítico da política.” Foi com essa frase que veio a inspiração de aspirar às curiosas formas da sociologia política. Mas não só adiantava ficar sentado numa cadeira e ver o mundo do levantamento de dados. Eu, particularmente, tive a tarefa de escutar aonde falavam, fui aonde reunião os dados sociais.
E assim, um jovem de classe média recém formado no curso de sociologia, encontrou o deserto do real. O local aonde divide Natal de Macaiba, o bairro do Guarapes. Esse bairro é o fomento dos maiores índices de violência, pouco saneamento básico, saúde, programas assistencialistas do governo e a fé de um povo que é abandonado.
Tudo começa leitor, quando um amigo, estudante de direito, convida minha pessoa para mostrar o programa da policia contra as drogas. Inicialmente interessante, pois já trabalhei com o tema. Fui com o intuito de compreender como ele (policial) levará aquela campanha para o bairro mais barra pesada de Natal.
O mais fantástico de tudo começa no transporte, foi a primeira vez que subi num coletivo em que paguei uma passagem e recebi dois ticket’s. O coletivo chamado de “Circular 587” da companhia Conceição, percorre do bairro de Felipe Camarão até os Guarapes 12 quilômetros. Dentro de horários fixos o transporte só se encerra às 21horas todos os dias. Oras! Quer dizer que se alguém chegar ao terminal atrasado para ir para casa, só voltará as 06:20 horas do outro dia? Exato leitor!
O local por mim, batizado de: “Deserto do Real”, começa a mostrar coisas interessantes como: a falta preservação ambiental do rio Guarapes (um forte afluente do rio Potengi), a falta de uma escola de segundo grau no bairro (a comunidade precisa pedir ao colégio que alugue um ônibus), o grande índice de droga, a falta de condições de um posto de saúde, o abuso e despreparo de algumas ações policiais e projetos assistencialistas que enganam o povo – Tributo a criança, creche do MEIOS, PAIF e outros – Esses configurando todo um arcabouço secreto de um bairro esquecido. Um bairro que não possui vida e que foi adotado por Felipe Camarão.
Mas todas as coisas não são assim, as relações sociais de cidadania, buscam, com pouca ajuda, a sobrevivência daquela comunidade. Porém minhas dúvidas abrangem a ver placas armadas, formas de concreto armado e nada em funcionamento.
O que será? Seria a falta de participação dos indivíduos naquela comunidade? Ou os velhos mecanismos políticos partidários? Ou um grupo político que se fecha e atrasa o bairro?
As minhas dúvidas foram quebradas quando enxerguei o conselho do bairro associado à conjuntura mecânica de várias farpas frágeis. Então, como lutar por algo para a comunidade se existe uma própria rixa de poderes e interesses? Os próprios preconceitos dos moradores entre eles apreendem poderes e poderes políticos que dificultam tudo. Um conjunto de moradores associado ao governo, os programas sociais fracos, moradores com baixa qualidade de vida, drogas, violência, sexo com pré-adolescentes, armas, falta de educação, falta de saúde...
Bum! Tudo isso estoura, por não possuir as chaves da solução, ou seja, educação e oportunidade.
A minha pergunta depois de dois meses de estudo naquele bairro foi: Onde estão os homens que falam tanto em melhorar o social? Aonde esta a guerreira que tapa seus olhos para doze quilômetros de Felipe Camarão? Onde se encontra a propaganda do tá melhor!?
As minhas medíocres lágrimas rolam... Enxergando... pessoas de 24 a 30 anos sem saber ler ou escrever. Digo, pessoas de dignidade e coração bom... Porém enganadas por causa de programas como: Tributo à criança, bolsa escola ou outros.
Será que a vitória política de nós leitores esta nos sonhos errados? Vai governadora! vamos prefeito... Olhem pra 12 quilômetros pra cá... Lá não passam turistas, porém ali ainda existem seres humanos, que mesmo abandonados são dignos de serem cidadãos.