Política e Prazeres

Já que o poder é afrodisíaco.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

A pobreza de sempre

De Woden Madruga, em sua coluna de hoje na Tribuna do Norte:

E houve a diplomação dos eleitos, ritual repetido no país inteiro seguindo a letra da lei eleitoral que dá prazos rígidos. Aqui, nesta terra de Poti mais bela, a celebração ocorreu no Centro de Convenções de Natal, de costas para o Mar Atlântico. A Justiça Eleitoral cometeu o seu cerimonial, os convidados sentaram-se no amplo auditório, as torcidas disfarçaram-se na platéia e houve os discursos, os sorrisos, os abraços, o teatrinho de sempre alimentando a sugestiva democracia brasileira. Os discursos de sempre, conhecidos de todos. De todas as solenidades e de todos os palanques. No Brasil, o palanque eleitoral demora um mandato inteiro. Às vezes é bisado.

A governadora Wilma de Faria reeleita disse que a sua vitória é a vitória do povo. Uma frase realmente original. As folhas locais abriram espaços para o discurso da governadora e algumas de suas sentenças ouvi através do rádio, entre um sinal e outro do caótico trânsito desta cidade. Num sinal e no outro, a mesma cena da promissora juventude natalense, a maioria de adolescentes, vendendo frutas, bugingangas, limpando pára-brisa e oferecendo outros serviços. E nesse roteiro reconfortante vou ouvindo trechos do discurso da governadora. Ela disse, naquele seu jeito inconfundível de dizer as coisas, que não tem compromissos com os ricos, que a eles - os ricos, os poderosos - não prometeu privilégios. A governadora seguia um estilo Lula. Tanto assim que também fez referência “às elites” brasileiras. Disse a governadora que essas elites não são intolerantes apenas com o presidente Lula. “São a qualquer um que abrace a luta pelos mais fracos”.

Eis aí uma outra frase bastante original e que certamente vai enriquecer (olheaí o cacoete das elites...) a nossa oratória política. Disse a governadora que vai agora nesse segundo mandato fazer um governo para os pobres. A promessa foi acolhida por aplausos entusismados da torcida, onde não se viu nenhum pobre.

Vem aí, pois, a versão Padre João Maria do segundo governo Wilma de Faria.

Desculpem a rima pobre.

Fonte: http://tribunadonorte.com.br/coluna.php?id=2010

1 Comments:

  • At 21 dezembro, 2006 11:16, Anonymous Anônimo said…

    O socialismo de dona Wilma é interessante. Socialismo de genros, todos ganham. Além disso, acompanha-se de exemplos de socialistas humanitários: Fernando Bezerra, Iberê Ferreira de Souza e João Maia, apelidado pelos colunistas sociais de "o platinado".

     

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