Ditadura do telemarketing

Existe um espectro rondando os lares dos consumidores brasileiros. O cidadão que não possui bina no seu telefone, pode ser surpreendido por uma ligação de alguém oferecendo algum serviço ou produto, ou querendo renová-lo. São propostas de assinaturas de revista, de internet, de tv à cabo, de telefonia celular ou "do raio que o parta"! São insistentes, invasivos, querem saber as razões que nos levam a não renovação ou não adesão a determinado serviço. Um verdadeiro martírio.

Hoje de manhã, recebi um telefonema no meu celular de número não identificado. Ao atender a ligação, de pronto, fui abordado por uma senhora: "aqui é da editora da revista Istoé, está difícil falar com o senhor". Respondi: "primeiro, não gostei de sua abordagem. Eu tenho alguma obrigação de ser fácil pra senhora?". "Senhor, desculpe, mas eu liguei 5 vezes para a sua residência às 8h da noite e o senhor nunca está em casa". "Sim e daí? A senhora quer controlar os meus horários? "Senhor, estou ligando para tratar da renovação da assinatura da revista". "De uma vez por todas, eu não quero renovar a assinatura!". E o diálogo encerrou-se com a moça desligando o telefone, como se o fato de me manifestar pela não renovação da assinatura da revista fosse uma afronta à sua honra.

Poderia contar várias histórias de invasão, de constrangimento, de irritação que essas empresas nos causam. Outro dia, estava curtindo em casa uma gripe muito forte e recebi ligações de 5 empresas diferentes! Eles deveriam pelo menos fazer um reversamento na maratona de aporrinhar o consumidor. Está na hora de criarmos o nosso manifesto. Vivemos numa verdadeira ditadura do telemarketing. Da mesma foram que aquele senhor gordo de barbas grisalhas bradou no século XIX - não confundam com Papai Noel - poderíamos parodiá-lo: “consumidores de todos os países, uni-vos!”