Se vira nos 30

A Assembléia Legislativa do RN realizou ontem audiência pública da Comissão de Finanças e Fiscalização, a qual compareceram 3 secretários de governo - Planejamento, Administração e Tributação. O debate girou em torno do limite prudencial, determinado pela Lei de Responsabilidade Fiscal, atingido pelo governo. Os secretários falaram de tudo, puxaram pra cá, pra lá, mas não assumiram nenhum compromisso sobre o que se esperava: cortes nos gastos com cargos em comissão que possibilitem os aumentos salariais de algumas categorias assumidos publicamente pela governadora Wilma.

Os 3 secretários de Wilma foram ao debate cheios de graça e artimanhas, querendo "jogar a bola" para a oposição - assemelharam-se àquele antigo trio que alegrou as nossas infâncias com os seus filmes de humor. O secretário de Planejamento, Vágner Araújo, pós-graduado em orkut, tentou logo intimidar o jovem deputado Walter Pereira Alves, presidente da Comissão, perguntando se este retiraria a representação junto ao Ministério Público para investigar os gastos com pessoal do governo. Walter respondeu de pronto que será a favor de qualquer medida que vise reestabelecer as contas do estado e dar o aumento prometido aos salários dos funcionários públicos. O secretário Wágner esqueceu que o MP age de ofício e não precisa da provocação do deputado para continuar a tomar as medidas cabíveis ao claro descumprimento da LRF pelo governo Wilma.

O debate continuou e ocuparia muito espaço no blog, como também a paciência do leitor, registrar todas as pérolas ditas pelos representantes governamentais. Vale, no entanto, salientar o que disse o secretário de Administração Paulo César de Medeiros ao responder se a governadora já tinha conhecimento que o seu governo houvera superado o limite prudencial quando assumiu o compromisso de aumentar o salário dos funcionários públicos. Disse que sabia sim, mas imaginava que a arrecadação iria aumentar em um ritmo maior. O secretário de Tributação calado estava, calado ficou, ciente de que a única área que funciona bem no atual governo é justamente a arrecadação. O caro secretário Paulo César acabou criando um excelente guarda-chuva para quase todo deslize ou quebra de compromisso do governo - é só dizer que a arrecadação não aumentou o que se esperava.

O debate de ontem provou o seguinte: não é que falte cérebro ao governo Wilma - como afirmou o senador José Agripino. O problema é que os cérebros estão muito ocupados em dar respostas criativas e em outros afazeres. Já pensaram, então, se o chefe da Casa-Civil estivesse presente regendo a orquestra dos 3 secretários? Aí não lembrariam mais aqueles humoristas americanos e sim um quarteto brasileiro que fez muito sucesso. "Superpiruetas, ultrapiruetas, bravo, bravo!".