Política e Prazeres

Já que o poder é afrodisíaco.

sábado, junho 16, 2007

Lula, Vavá e Chico

Os escândalos se sucedem, mas Lula continua surfando na crista da onda, sobre todas as crises que expõem uma parcela ainda insignificante das maracutaias do país. Muitos perguntam qual é a razão desse grande "teflon" que se formou em torno do presidente, um escudo poderoso que deixa o seu corpo fechado e imune, mesmo que vários casos de corrupção tenham sido descobertos dentro de sua copa e derrubado colaboradores bem íntimos, quase irmãos, como o próprio Lula revelou em algumas ocasiões.

A resposta para essas questões está na simbologia do que Lula representa e na imagem pela qual ele é visto pelo povo. O presidente mudou, mas, matreiramente, guardou elos importantes que o ligam umbilicalmente à maioria do povo brasileiro. Lula fala errado - às vezes deliberadamente - no entanto, guarda nas suas palavras a mensagem importante - eu sou um de vocês e tudo que surgir contra mim tem como objetivo retirar do poder um homem simples que conseguiu vencer e quer levar todos os seus iguais ao mesmo patamar.

Sabemos não ser propriamente a verdade. Lula venceu com uma mensagem light de esquerda, mas que não deixava de ser de esquerda. Porém, governa com a mão direita e se utiliza dos mesmos artifícios, da divisão do bolo e das ofertas não republicanas para montar uma grande máquina política que mantém o seu governo - uma máquina de convencimento irresistível e que deixa rastros. Por sua vez, a oposição está amuada e não possui força moral suficiente de levantar o dedo ou atirar a pedra. Tem medo do velho e bom ventilador, democrático espalhador de sujeira.

Vale então mais a forma do que o conteúdo. No seu âmago, Lula não tem nada de povo, mas a sua imagem diz outra coisa. Em uma época em que "a imagem diz tudo", Lula pode comemorar, visto que é o contraponto a uma oposição de terno italiano, gravata de seda francesa e sapato de cromo alemão. Do tipo "jogador que joga os 90 minutos, mas sai de campo com a roupa limpa e o penteado impecável".

Por falar em futebol, o presidente e seus irmãos se parecem com ataque de futebol da década de 50. Com apelidos tipicamente brasileiros, Lula, Chico e Vavá encarnam uma época romântica. São os pobres no poder, ainda que não tão pobres. Lula dribla todo mundo; Chico se esmera nos passes; e Vavá, como o seu homônimo, artilheiro do Vasco e da Seleção brasileira, tromba com a zaga, não tem tanta habilidade, mas vive colocando as bolas na rede. E o juíz está sempre disposto a dar uma mãozinha.