Os labirintos do Poder

O governo mobilizou a sua base para evitar a CPI do Apagão Aéreo na Câmara. Só foi a oposição se movimentar para criar uma CPI no Senado, para a estratégia governista mudar e, de repente, tudo ocorrer para que a investigação fique mesmo com os deputados. Agora, de uma hora pra outra, a oposição que marchava como um exército unido no Senado, começou a se desentender. O PSDB não se mostrou mais tão eufórico. Motivo: o PT passou a chantagear o PSDB em troca da não criação de uma CPI na Assembléia Legislativa de SP para investigar o acidente do metrô.

Assim, o cidadão fica aturdido e sem entender o que ocorre nos bastidores do Poder. Não entende, por exemplo, como a maior crise do governo Lula possa ter surgido de uma denúncia de deputado da base do governo, Roberto Jefferson, descontente por ter que levar a culpa sozinho pela bandalheira nos Correios. A oposição só pegou a carona, mas, ao invés, de dar o xeque-mate, utilizou-se da tola estratégia de tentar sangrar o presidente e inviabilizar a sua reeleição. Deu com os burros n'água. Os líderes do PSDB tentaram convencer a opinião pública de que não investiram contra o mandato de Lula por princípio, defendendo o "republicanismo". Será que alguém acredita? Nisso, os petistas e tucanos se parecem muito, adoram tentar explicar os fatos com palavras difíceis, vide o ilustre ministro Tarso Genro. Parecem-se também em outros aspectos, mas essa é uma outra história. Enquanto a torcida se digladia, militantes petistas aguerridos e tucanos nem tanto, os seus heróis combinam o resultado do jogo em reuniões nem um pouco "republicanas".